terça-feira, 28 de junho de 2011

Renda dos brasileiros mais pobres cresceu 68% na última década

A evolução da renda per capita em comparação com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil é a melhor entre os Brics (grupo que ainda inclui Rússia, Índia, China e África do Sul), disse ontem o economista Marcelo Neri (foto), do Centro de Políticas Sociais da FGV. Para ele, o país foi o único entre a elite dos emergentes a crescer reduzindo a desigualdade social.
Segundo os números apresentados durante o 1º Fórum BID para o Desenvolvimento da Base da Pirâmide na América Latina e Caribe, em São Paulo, os rendimentos medidos pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) tiveram um crescimento anual de cerca de 1,8 ponto porcentual acima do PIB entre 2003 e 2009, enquanto na China o avanço veio dois pontos abaixo da expansão da economia durante o intervalo. Segundo Neri, a renda real entre os brasileiros mais pobres cresceu 68% de 2001 a 2011, enquanto a dos ricos avançou 10% em igual período.
O estudo mostra que a taxa de crescimento da renda dos 20% mais ricos no Brasil é inferior à registrada nos demais Brics, ao mesmo tempo em que a taxa de crescimento da renda dos 20% mais pobres só é menor que a contabilizada pela China.
Classes sociais
Desde 2003, o país ganhou quase 50 milhões de consumidores, o equivalente a uma Espanha. Somente nos 21 meses encerrados em maio passado, 13,3 milhões de brasileiros foram incorporados às classes A, B e C, somados aos 36 milhões que migraram entre 2003 e 2009. "Isso é reflexo do crescimento econômico com redução da desigualdade social durante muitos anos. O que está por trás é o aumento da educação e do trabalho formal, a redução da natalidade e o ciclo eleitoral", explicou Neri. "Todo ano de eleição a renda média do brasileiro sobe muito."
Simultaneamente, a base da pirâmide social vem diminuindo com rapidez. Apenas no último ano a redução foi de quase 12%. "O grande passaporte para a saída da pobreza é a educação", disse o economista da FGV, lembrando que programas do governo federal como o Bolsa Família também contribuem para essas mudanças no cenário.
O levantamento mostra ainda que a probabilidade de se migrar da classe E (renda familiar até R$ 751,00) para níveis mais altos da pirâmide social é de 27% para quem tem até um ano de estudo, enquanto que para aqueles que permanecem na escola por 12 anos ou mais esse percentual chega a 53%.
Já a chance de permanecer nas classes ABC no período mais recente é 2,8 vezes maior que a apresentada no início da série da pesquisa. Nas capitais, a chance de permanência no alto da pirâmide é 25% maior que nas áreas periféricas do país, embora esse índice venha caindo.
O estudo apresentado pelo economista da FGV ainda destaca que a cidade considerada "mais rica" do Brasil é Niterói, no Rio de Janeiro, onde 30,7% da população faz parte da classe A. Na sequência aparecem no ranking da pesquisa as cidades de Florianópolis (27,7%), Vitória (26,9%), São Caetano (26,5%), Porto Alegre (25,3%), Brasília (24,3%) e Santos (24,1%). "A região Sul é a que apresenta a menor desigualdade social no Brasil", afirmou Marcelo Neri.
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